terça-feira, 23 de dezembro de 2008

A idade não perdoa

O primeiro viagra

Foi desastroso! A minha performance sexual tinha caído muito. Nem tanto pela idade, mas pelas dificuldades de relacionamento matrimonial somado a inúmeros problemas pelos quais eu passava. Na semana passada, resolvi comprar o tal do Viagra. Mas que vergonha de ir comprar o medicamento. Reconhecer publicamente que tava mingado. Vergonha.... Desgraça! Mas eu queria experimentar. Mas ninguém poderia saber.Ninguém. Mas como fazer com o farmacêutico? Alguém iria saber. No mínimo uma pessoa. No mínimo, não. Uma só pessoa. O farmacêutico. Afinal eu não fabrico o fármaco. Onde comprar? Será que noutra cidade, onde ninguém me conhecesse? Isso seria o ideal. Mas eu estava sem nenhuma viagem agendada. Teria que ser na minha cidade. Mas claro que numa farmácia num bairro que absolutamente ninguém me conhecesse. Por alguns dias tive a imaginar uma farmácia "ideal". Foi difícil imaginar. Enfim, encontrei uma. Por sinal, Farmácia Ideal!
Restava agora escolher o perfil do vendedor.
Uma vendedora seria melhor. Não. Nem pensar. Eu não iria entregar os pontos confirmando que tava em baixa. Não. Um homem, então. Dedução lógica. Mas reconhecer pra um concorrente que eu tinha abdicado das funções? Desgraça.
As duas opções eram más. Parecia que o atendimento pelo homem era menos traumático. Se tivesse um vendedor de uns 70 anos seria o ideal. Ele já conhecia o problema. Se ele fosse discreto, melhor ainda.
Seria como ir comprar um medicamento pra alergia, chegar lá e o vendedor ser alérgico. Os gajos conhecem tudo.
Só de pensar que o tipo pode ser um gajo novo:
-Tá aqui o levanta morto, avôzinho.
Não!!!
Mas onde achar o bom velhinho vendedor de Viagra?
Escolhida a farmácia, cheguei lá, durante a manhã, quando teria menos movimento.
Nada disso!... Várias pessoas lá dentro. Será que entro?
Entrei.
Veio uma boazona atender.
-Que deseja?... disse ela.
-Sabonetes, respondi.
E fiquei a andar ali pla farmácia, envergonhado, cabeça baixa à procura do bom velhinho. mas onde é que ele tava? Não existia!
Continuei a andar. Uma outra empregada. Não. Não servia. Mulher não.
Um homem tava a terminar uma venda. Tinha cara de cinquenta anos. Pode ser, parecia o indicado. Fui até ele. Quando me aproximei do balcão, chega uma senhora de uns quarenta anos que diz a queima roupa:
-Que vai ser?
Diabo. E agora?...Pedia ou não?
Comecei por pedir Aspirinas, que faz sempre jeito em casa. Ela trouxe as Aspirinas . Muito discreta. ! E agora?...Pedia... ou não?
Pedi um Cêgripe, que uso sempre. Ela trouxe o Cêgripe. Discretamente.
Fo**-se. Pedia ou não?
Enchi-me de coragem, respirei fundo e com uma voz sussurrada, como que vindo do fundo de um túmulo, sussurrei:
-Ah....e um Viagra. O Ah era pra dar a ideia que me lembrei naquele momento. Que original. Senti que tava vermelho.
A empregada olhou. Levantou a sobrancelha. Só a esquerda. Esquerda de quem olha.
Olhou como quem diz.... –Tá mingado?
Eu não sabia se olhava pra ela ou pro chão.
Os minutos não passavam. Digo, os segundos não passavam!
E a empregada a olhar como que a dizer:
-Velho safado, ainda queres f***r, é?!
Que aflição!... Mas a sorte já estava lançada.
Não é que nesse momento , olho pró lado e vejo um amigo meu, médico, acompanhado da... esposa??? Gente conservadora. Católicos. Abraçaram-me efusivamente. Apanharam-me com a boca na botija. Em flagrante! Eu tava f******!!!
-Tás doente? Disse o médico.
-Não, só umas aspirinas, respondi.
Eu suava inteiro.
E eles não saiam dali. Que merda. Atrapalhar a compra do meu Viagra. Que desgraça! Se o tempo voltasse, eu não entrava mais naquela farmácia. Nunca mais!!!
E a emprega olhava com aquela cara de vitoriosa. Diaba!!!
Um outro colega dela ao lado, olhava como se soubesse de tudo e também como se não soubesse de nada. Eu já nem sabia o que cada um sabia.
Nisto, berrou ela pro outro colega:
-Já chegou o Viagra? Ontem não tinha! Acho que a farmácia inteira ouviu. Eu queria chorar. De raiva.
Uma semana depois ainda ressoa na minha cabeça a frase: "Já chegou o Viagra? Já chegou o Viagra?"
O tal colega olha e diz.
-Temos um parecido, que é como se fosse um Viagra Turbo.
Viagra turbo. P*** merda!!!
A mulher do meu amigo, que tava na farmácia, também ficou vermelha.
Também, acho que faz alguns anos que não fazem... Empurrou o meu amigo e me disseram:
-Até já!!!
A coisa não podia estar pior.
Nisto o segundo vendedor diz, bem alto: -Nunca usou este? É um espectáculo! Um pouco mais caro, mas o efeito é de 36 horas!
Como se eu fosse um gígolo, que precisava de desempenho total.
Eu achei que ia desmaiar de tanto mal estar.
Deixe tar, falei eu.
-Não, não, disse a empregada...
E gritou pra um colega na outra ponta do balcão:
-Tem Viagra ou não, Alfredo???
-Pra quem que é o Viagra? diz o Alfredo... Será que tinham que pronunciar a palavra Viagra sempre?
-Pra este senhor aqui,! diz a diaba. E aponta com a cabeça na minha direcção. E que outra direcção poderia ser?
-O senhor chegue aqui! diz o Alfredo.
E a mulher do meu amigo médico, ali por perto, como se não tivesse a ouvir nada, mas acompanhando tudo. Aquela cadela. Azar é pra quem tem.
Acredito que ela ali da farmácia, via telemóvel, já fazia a notícia circular no bairro: o Correia não f*** mais!
Fui até ao Alfredo, como o maior pecador que chega a São Pedro, Aquele que faz os julgamentos à entrada do céu. O gajo olha e como quem diz....
-Muito bem, avôzinho!...
O senhor quer embalagem com quantos?
-Com quantos tiver.......sussurrei, meio gaguejando. Eu queria é ir embora. Que o chão se abrisse. Nem que não f***** nunca mais.
Se eu tivesse imaginado o pior, não seria tão mau como foi.
Peguei na caixa e voltei até a diaba.
-Que bom que tinha... diz ela. Como se eu fosse fazer com ela. Aquela bruxa. Eu ia precisar da embalagem inteira com ela. Aliás nem com a embalagem inteira.
Paguei e saí.
E o médico meu amigo, grita:
-Até logo, Correia.
A mulher dele não levantou a cabeça, continuou a olhar prós sabonetes. Mas, a pensar no Viagra... de certeza! Aquela velha! Que tragédia!
Mas, o medicamento foi o máximo! Sem dúvida.
Uma semana depois vi que tinha feito uma asneira. Deveria ter comprado várias embalagens. Agora iria ter que recomeçar tudo de novo!!!
E por onde? Voltar lá com a diaba e com o Alfredo? Nunca!
Mas por outro lado, eles já me conheciam. Seria como que um segredo profissional. Melhor do que ir a outra farmácia e a notícia se alastrar.
Pois, tive que começar tudo de novo!
Hoje pela manhã, voltei na farmácia do Alfredo e da Diaba, a Farmácia Ideal. Ideal o car***.
Grrrrr.
Não é que quando chego ao balcão, vem aquela p*** da esposa do meu amigo médico (tavam lá de novo!), olha e antes de dar bom dia, diz:
-Ficou freguês ? E deu uma gargalhadinha, com sorriso de hiena.
Cadela! Vagabunda! Feia! Velha! Vaca! Miss Inferno!!!
Fiquei vermelho, olhei pro balcão e vi o Alfredo e a Diaba!
Essa, meio sorrindo, como quem diz:
- O flácido voltou. Gostou da festa!!!
Filhos da p***!!!
Nem vou contar o resto.
Mas sofri muito... de novo!

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